Um Poema... "Lembras-te?"

Toda a gente gosta de ter amigos, verdade? Eu falo por mim, adoro. Por vezes, eles são mais que algumas pessoas da minha própria família. Só que, como se sabe, nem sempre as coisas correm bem, não é mesmo?

Algum de vocês, algum dia, já perdeu alguém que achava que nunca desaparecesse da sua vida? Alguém com quem partilhou muitas coisas, alguém com quem achava que a amizade durasse para sempre? Então, creio que sabem do que estou falando...

Fiz esse Poema há coisa de quase um mês, nem sei ao certo, mas acho que foi no dia 04 de Setembro desse ano. Mas sei que estava precisando escrevê-lo, estava precisando deitar o que sinto cá para fora e saiu isso.

Se alguém quiser ler, me fale o que achou...

LEMBRAS-TE?

Lembras-te?

Lembras-te quando começámos esta jornada

crianças solitárias, feridas com a vida,

seres obscuros procurando uma mera saída

algo que nos fizesse acreditar num começo

a partir do nada.

Lembras-te como foi?

Lembras-te do que partilhámos,

do quanto conversámos,

do quanto rimos,

do quanto nos aproximámos?

Eu lembro...

Apesar de poderes não acreditar

foste um escudo meu naquele lugar

protegeste-me, amparaste-me,

nem sempre da melhor forma

mas da única que eu sabia que eras capaz.

E ficámos amigas...

Amigas de verdade, acho eu.

Amigas ao ponto de nos apegarmos demais.

Amigas ao ponto de seres mais que o meu pilar

naquele mesmo lugar que continuamos a frequentar

todos os dias.

Com as mesmas pessoas,

aqueles mesmos rostos,

pessoas e rostos que foram e vieram

mas nós ficámos intactas.

Lembras-te daquelas palavras?

"Por muito que todas se possam separar,

vocês continuam juntas, unidas, sem se largar".

Eu lembro...

Lembro que, talvez,

tenha pensado nelas como garantia

de que não serias mais uma a pôr-me de parte,

a olhar-me de lado,

a deixar que, simplesmente, eu te perdesse o rasto.

Levei essa garantia como certa.

Certa demais.

Ao ponto de hoje em dia

ver essa mesma garantia

não ser nada mais

que apenas outra infundada garantia.

Passou mais de um mês...

Hoje, os teus olhos não são os mesmos,

o teu rosto não é o mesmo,

até o teu tom mudou pra mim.

E sinto isso de uma forma mais acesa

do que aquela que me deixaria permitir

anteriormente, podes ter essa certeza.

Deixaste de falar,

de me procurar,

de me olhar,

de, numa palavra, gostar.

Eu percebo isso, juro.

Apenas não o aceito,

por muito que me esforce por essa proeza.

Ainda te lembras daquelas palavras?

Eu lembro-me delas, garanto-te.

Mas, depois, lembro-me das outras,

das tuas, aquelas que nunca esqueci, sabias?

"Estás a chorar? Força.

Chorar lava a alma, tenho-o feito muito

todos os dias".

E volto a fazê-lo, porque sabes,

por muito que possas pensar,

eras mais importante do que achas.

Ainda dói, a sério, mas acho que cansei...

Acho que, aos poucos, fui ficando farta de me lembrar

de todos os momentos que passaste comigo.

Acho que fiquei farta de reviver os tempos

em que éramos companheiras, confidentes,

cúmplices e amigas.

Porque dói.

E dói o bastante para eu fazer muita merda

- que já fiz - só para chamar a tua atenção.

No fim, não valeu de muito...

Afinal,

nunca o saberias,

pois não?

Só espero que agora, neste momento, estejas bem.

Que as pessoas que escolheste te façam sorrir,

que te dêem mais alegrias do que eu alguma vez te dei.

Espero que sejas feliz, realizada com a vida

e que, em resumo, possas ser tu

sem que te voltem a humilhar nem criticar.

Não te exijo de volta.

Já fiz o que acho que podia mas, pelos vistos,

isso era muito menos que o suficiente.

Não exijo que me olhes de novo,

que me fales,

que me apoies,

só que sorrias e que te sintas perfeita.

Foi o que eu sempre quis, isso não mudou.

Só não me peças para agir

como se estivesse na mesma situação.

Porque não consigo

e nem quero fazê-lo.

Não.

A tua amizade foi apenas mais uma página na minha vida,

página essa que rasgaste,

ao fazer a tua própria escolha.

Tudo o que desejo é que a escolha seja boa,

que te deixe realizada

e não de novo, como já vi várias vezes,

apenas ferida e magoada.

As minhas desculpas foram pedidas

só que, até hoje, não obtive uma resposta e,

como já te disse uma vez,

"Peço desculpas a dois tipos de pessoas,

às que amo e às que não quero perder".

Lembras-te destas palavras?

Pois...

Calculo que não...

Mas eu disse-tas, no passado.

Só que a desculpa é algo que não se pede, verdade?

É algo que tenta apenas evitar-se

para não destruir mais ninguém.

Talvez se eu fosse diferente e te abandonasse,

te ameaçasse, te difamasse, te acusasse,

ou nunca me desculpasse,

voltasses a ser para mim o que és para quem to fez,

visto que bastou uma situação e esqueceste tudo de nós

em apenas uma vez,

e preferiste optar por outro lado,

que achaste melhor,

que achaste mais saudável,

que achaste que te faria mais feliz.

Compreendo...

Só não me peças para fingir que me sinto assim

porque é mentira e atitudes falsas

é coisa de que me sinto cansada, sabes,

é algo que faz parte de mim.

Sê feliz

e fica bem, só por favor, deixa-me esquecer.

Acabou, não é?

Então deixa de dar tudo para me veres sofrer.

E sê simplesmente feliz.

Adeus...